Neste ano, com certeza, você já deve ter lido alguma pesquisa ou dado sobre os números assustadores da produção diária de lixo, dos baixos índices de reciclagem ou mesmo da quantidade de plástico encontrada nos oceanos.
E não é à toa. A cada ano que passa a produção de lixo das populações só aumenta, e com ela outras preocupações sobre o descarte incorreto de resíduos surgem: a contaminação do solo, dos mares, do ar e o comprometimento da saúde dos animais, além da nossa.
O planeta agradece: vantagens para todas as pontas
Já está mais do que comprovado que diminuir o consumo e reciclar são o caminho mais fácil e rápido para prolongar a vida na Terra e da Terra. E faz todo sentido, afinal, comprando menos, descartamos menos – gerando menos resíduos e reciclando, a mesma coisa, transformando-os em novos produtos, não é?
Ao recuperar materiais para serem transformados em novas matérias-primas, evitamos uma série de problemas: contaminação das águas e do solo, poluição da terra, entupimento de galerias pluviais, comprometimento da saúde da fauna e da flora, alagamentos de ruas e cidades em períodos de chuva, além de evitar a exploração de recursos naturais e todos os impactos negativos que vêm com ela.
Entre as vantagens, a reciclagem correta ajuda a aumentar a vida útil dos aterros sanitários, a diminuir a proliferação de pragas nas comunidades que vivem próximas desses locais e incentiva os profissionais do setor, que são tão desvalorizados, mas prestam um serviço extremamente fundamental. É um ciclo virtuoso, que promove benefícios para todos os envolvidos.
Reciclar também movimenta a economia
O ato de reciclar também envolve o aquecimento da economia. As empresas e os trabalhadores especializados desse setor entram em ação e conseguem destinar uma quantidade maior de resíduos transformados para um novo uso na indústria, como os operadores de triagem e as cooperativas de reciclagem, que reúnem catadores que dependem da coleta dos mais variados materiais para se sustentarem.
Ao emitirem as notas fiscais de venda dos produtos e, no caso dos parceiros da eureciclo, comercializarem os Certificados de Reciclagem (que garantem uma renda adicional), os operadores recebem um valor mais justo para reinvestirem na cadeia, seja por meio da aquisição de maquinário ou espaço, contratação de pessoas ou aumento na remuneração. Com isso, é possível fazer a roda da economia girar com mais força, promovendo mais qualidade de vida e condições de trabalho.
Infraestrutura precisa acompanhar as mudanças
Um assunto preocupante e que pode ser agravado com a falta de políticas que promovem a reciclagem é a produção de resíduos sólidos, definidos como todo material, substância, objeto ou bem descartado.
De acordo com a edição 2020 do Atlas do Plástico, publicação realizada pela Fundação Heinrich Böll, atualmente o país já é considerado o quarto maior produtor de resíduos sólidos do planeta, um dado assustador. “Em 2018, o Brasil produziu uma média 79 milhões de toneladas de lixo, tornando-se um grande ‘aterro’ na América Latina. Se continuarmos nesse ritmo, em 2030 bateremos o recorde de 100 milhões de toneladas por ano”, diz o estudo.
E o plástico? Nós, brasileiros, somos os responsáveis por produzir mais de 11 milhões de toneladas desse material todo ano, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. Você consegue imaginar o que significa essa quantidade de resíduo? Outro dado alarmante citado na pesquisa é sobre a reciclagem desse montante: apenas 145 mil toneladas são recicladas, menos de 1,3%! Por isso, ainda há muito o que fazer.
De acordo com o Índice de Sustentabilidade de Limpeza Urbana (ISLU) de 2020, praticamente metade dos municípios brasileiros (49,9%) despejaram seus resíduos em lixões; 17,8 milhões de brasileiros não possuem coleta de lixo em suas casas e apenas 3,85% dos resíduos são reciclados.
E para que a mudança de hábitos dos consumidores (ao se engajarem com a reciclagem) ajude a mudar efetivamente a realidade, é preciso investir em infraestrutura. Todos os envolvidos devem fazer a sua parte: cidadãos, empresas e governos.
Para que esses números melhorem e as boas notícias virem rotina, o caminho é um só: cada um fazer a sua parte. Sabemos que, infelizmente, a reciclagem não é solução para todos os problemas que o planeta enfrenta. Mas não podemos negar que é um caminho muito importante, conhecido e comprovadamente eficaz! Então, reduza, reutilize e recicle!